Ilha de Ons: O que fazer em 2 dias

A Ilha de Ons é daqueles lugares para desconectar da correria e entrar numa marcha um pouquinho mais lenta. Com quatro praias à disposição de seus visitantes, esse pedacinho da Galícia também convida a caminhadas longas, com muita vista bacana pra ser contemplada.

Foi nessa onda de descarrego que eu fui parar na ilha, em setembro de 2018, ao longo de dois dias deliciosos.

Percorrer as rotas

Caminhando em Ons

A extensão da Ilha de Ons pode ser percorrida em quatro rotas, devidamente demarcadas e sinalizadas.  As mais longas são a Sul e a Norte e, por isso, exigem um pouco mais de disposição. Fizemos a Rota Sul depois das 16 horas, quando o sol já não estava tão quente – e foi uma ótima escolha porque o caminho é muito descampado. Com 6.5 Km, ela te leva à metade sul da ilha, passando pela Praia de Canexol e pela Punta Coliño, onde tem o Mirador de Fedorentos. O grand finale fica por conta do Buraco do Inferno, que é uma cavidade profunda formada na rocha. A ilha tem várias furnas, mas essa é a maior delas. A bicha é tão profunda que dizem que, através dela, dá pra se comunicar com o mundo dos mortos. Desejo boa sorte pra quem curte uma assombração 😉

A Rota Norte, como o nome já diz, leva à parte norte da ilha e é conhecida como rota naturista, porque passa pela Praia de Melide, onde se pratica o nudismo. Iniciamos os 8 Km desse caminho por volta das dez da manhã e foi excelente, porque deu pra pegar aquela brisa matinal e o sol ainda estava ganhando força. No meio do caminho, dispensamos as roupas e aproveitamos a praia, que ainda estava deserta. Depois de algum tempo, seguimos a rota em direção ao “centro” da ilha.

Já a Rota do Faro (4 Km) e a Rota do Castelo (1 Km) são bem mais tranquilas. Eu devo confessar que não segui essas trilhas à risca, porque usei o Google Maps – sim, é possível! A caminho do farol, a rota passa bairro de Cucorno, uma vila com vista privilegiada onde alguns dos moradores da ilha vivem. O ponto principal está a 128 metros de altitude e o que mais me surpreendeu foi dar de cara com um heliporto lá em cima, já que o próprio farol não é aberto ao público.

Já na rota do Castelo, não tem castelo algum, mas um o grande barato é aproveitar as vistas da ria no mirante, que fica em cima das ruínas de uma fortificação defensiva, datada do século 19. Ah! No caminho, esteja atento aos coelhos que cruzam as trilhas.

Mapa da Ilha de Ons oferecido pela Nabia Navieira

Ir à praia nu

Eu nunca tinha ido à uma praia de nudismo até ir a Ons e não pensei duas vezes quando me deparei com a Praia de Melide. A imensa faixa de areia garante espaço suficiente aos mais tímidos e as águas calmas são um convite ao banho do jeitinho que a gente veio ao mundo. Sério, se joga!

Encarar a água gelada

Eu disse águas calmas, não quentes. Normalmente, a temperatura da água na costa norte é mesmo baixa e é preciso coragem para encarar o mergulho – principalmente se você tiver pavor de água gelada que nem eu! Não vou te enganar: é de doer os ossinhos, mas, uma vez dentro do mar, a experiência é de lavar a alma.

 

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Além da Praia de Melide, é possível curtir os dias em outras duas praias da Ilha de Ons: a chamada Area dos Cans, que fica bem próximo ao cais, e a lindíssima Playa de Canexol. Vale lembrar que a maré sobe bastante ao longo do dia e convém se acomodar mais distante da água, se você pretende passar muitas horas na areia.

Negociar com as gaivotas

Não adianta: as gaivotas são as donas da Ilha de Ons! Lembre-se que você está “invadindo” a maior colônia do mundo de gaivotas da pata amarela e que elas estarão sempre por perto. É bom ter cuidado com aquele biscoitinho na mochila e, de jeito nenhum, estimular que elas comam o que nós comemos.

As donas do pedaço

Ver o pôr-do-sol

Independente do ponto da ilha que você esteja, prepare-se para ver o sol se retirar de mais um dia! Eu aproveitei pra curtir esse momento pertinho do camping, antes de descer para jantar na Casa Acuña. Chegando lá eu percebi o quanto eu era amadora, porque me deparei com uma galera de canga estendida, tomando cerveja enquanto o sol ia baixando. Fica a dica pra próxima visita.

Comer polvo

Como dispensar essa delícia galega? Eu nem sou lá muito fã do molusco, mas a verdade é que costumo me animar com a ideia de experimentar comidas locais. A Casa Acuña serve o polvo feito de duas maneiras bem típicas: “en caldeirada”, cozido com batatas, pimentões, azeite, alho e cebola, e “a feira”, que também é conhecido como “à galega”, grelhado com azeite e alho.

Conhecer mais sobre a ilha no Centro Interpretativo

Se eu não entrasse num “museu”, essa viagem não era minha! O Centro de Interpretação da Ilha de Ons tem um horário bem peculiar – de quarta a domingo, das 16h45 às 18h – e foi instalado em uma antiga escola. A ideia ali é contar um pouco mais sobre a ilha, abordando aspectos sobre a geografia, as espécies que vivem ali e todo o histórico de seu povoamento.

A ilha tem sinais de ocupação desde a época paleolítica, tendo vestígios também de ocupação romana. Na Idade Média, o território foi propriedade da igreja católica, sendo ocupado por ordens monásticas, mas depois disso ela passa para o domínio privado. Imagina só ter uma ilha?

No século 19, ela foi protegida por fortificações e abrigou uma fábrica de conservação. Mas foi na década de 1930 que a Ilha de Ons foi transformada, com a instalação de uma fábrica de secagem e comercialização de polvo e congrio, chegando ao máximo de seu povoamento entre os anos 40 e 60.

É muito legal ver como as famílias que ali se instalaram interagem com os recursos naturais, de maneira sustentável e respeitosa, e entender um pouco da dinâmica das pessoas que vivem num território cercado de água.